Centro de Excelência em Cirurgia Bariátrica
O Hospital São Luiz Morumbi possui o Centro de Excelência em Cirurgia Bariátrica e Metabólica, um serviço especializado no tratamento de doenças da obesidade e distúrbios metabólicos. Possui certificação internacional, acreditado pela Surgical Review Corporation (SRC), organização responsável pelos melhores centros de tratamento da obesidade mórbida no mundo, com foco na melhora da segurança e da qualidade do atendimento dado ao paciente, como índices mínimos de complicações em casos de cirurgia para tratamento da obesidade e do diabetes.
Para que o tratamento da obesidade seja bem sucedido, é necessário que haja acompanhamento pré e pós-operatório com uma equipe multidisciplinar. O serviço conta com todos os profissionais necessários neste processo, dos mais renomados cirurgiões do aparelho digestivo a uma equipe multidisciplinar com conhecimento científico e experiência singular no tratamento da obesidade, formado por enfermagem, nutricionistas, psicólogos e fisioterapeutas.
A atuação desses profissionais antes e após a cirurgia bariátrica é fundamental para o sucesso do tratamento clínico e cirúrgico. É a equipe multidisciplinar que vai avaliar a sua evolução com a dieta, a prática de exercícios físicos e o controle da ansiedade, depressão e compulsão, por exemplo. Todas essas questões fazem parte do acompanhamento da equipe multidisciplinar e as boas práticas refletem no resultado da cirurgia a longo prazo.
O centro cirúrgico é altamente tecnológico, contendo dois sistemas de cirurgia robótica, o Da Vinci Xi e o Da Vinci Si, que traz novas alternativas de tratamento aos pacientes, por meio de cirurgias mais eficientes quando comparadas a métodos tradicionais, possibilitando uma cirurgia mais precisa, menor tempo de internação, recuperação e retorno mais rápidos às atividades do dia-a-dia.
O Centro de Excelência oferece diferentes tipos de procedimentos e cirurgias para combater a obesidade e o diabetes, alguns com alternativas para os procedimentos robóticos. Os tratamentos indicados são os minimamente invasivos, pois proporcionam menos riscos de complicação, menos dor e menor tempo de recuperação. A escolha do tratamento é feita individualmente pelo médico e paciente, a partir das particularidades de cada caso.
Cirurgia Bariátrica
A cirurgia bariátrica, também conhecida como cirurgia da obesidade, ou, popularmente, redução de estômago, reúne técnicas com respaldo científico, destinadas ao tratamento da obesidade mórbida e ou obesidade grave e das doenças associadas ao excesso de gordura corporal ou agravadas por ele.
O maior benefício da cirurgia bariátrica e metabólica, além da perda de peso é a remissão das doenças associadas à obesidade, como diabetes e hipertensão (entre outras), diminuição do risco de mortalidade, aumento da longevidade e melhoria na qualidade de vida.
Com o desenvolvimento das novas tecnologias como a videolaparoscopia e a cirurgia robótica além da associação de novas drogas anestésicas os riscos hoje de uma cirurgia bariátrica são menores que uma cesariana, menores que um parto normal e menores que uma histerectomia comparativamente falando.
Entretanto, apesar de baixos, riscos existem em qualquer procedimento cirúrgico e por essa razão, deve ser feita em hospital com estrutura adequada e por médicos habilitados e com experiência comprovada.
Cirurgia Metabólica
Apesar de já ser realizada no mundo há mais de dez anos, a cirurgia metabólica foi regulamentada no Brasil em 2017 pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) como opção terapêutica para pacientes portadores de diabetes mellitus tipo 2 (DM2) diagnosticada há menos de 10 anos, entre 30 e 70 anos de idade, com Índice de Massa Corporal (IMC) entre 30 kg/m2 e 34,9 kg/m2, desde que a doença não tenha sido controlada com tratamento clínico.
O procedimento realizado nas cirurgias bariátrica e metabólica é basicamente o mesmo. A diferenciação entre ambas surgiu recentemente, após a constatação de que a cirurgia bariátrica tem efeitos mais amplos do que se imaginava.
Estudos científicos demonstram que os órgãos envolvidos na cirurgia produziam substâncias hormonais e que a cirurgia metabólica altera esse equilíbrio hormonal inicial de uma maneira benéfica ao paciente atuando na remissão de doenças como o diabetes, hipercolesterolemia, hiperuricemia e até na hipertensão, parte da síndrome plurimetabólica.
Procedimentos
Balão Intragástrico: É uma opção de tratamento temporário e não cirúrgica, indicada para pacientes que necessitem perder menos peso ou que não tenham condições de cirurgia. Pode ser utilizado também para o preparo pré-operatório de pacientes super obesos e que necessitem de uma perda de peso antes da cirurgia. Trata-se de uma esfera oca de silicone que é inserida por endoscopia no interior do estômago. Quando insuflado com uma solução de soro fisiológico e azul de metileno, irá ocupar mais ou menos 2/3 do espaço do estômago, causando a sensação de saciedade (estômago cheio). Após 6 meses o balão deverá ser obrigatoriamente retirado, também através de endoscopia.
Tipos de cirurgia
As cirurgias diferenciam-se pelo mecanismo de funcionamento. Existem três procedimentos básicos em cirurgia bariátrica e metabólica, que podem ser feitos por abordagem aberta, por videolaparoscopia, robótica e mais atualmente (ainda em protocolo de estudo) por procedimento endoscópico, teoricamente menos invasiva, mais confortável ao paciente, mas que ainda não se sabe de fato o alcance de seus resultados em perda de peso e em perfil de paciente. Os procedimentos são didaticamente divididos e classificados em:
Restritivos: são procedimentos que diminuem a quantidade de alimentos que o estômago é capaz de receber, restringem a quantidade e induzem a sensação de saciedade precoce.
Disabsortivas: são cirurgias que teoricamente alteram pouco o tamanho e a capacidade do estômago em receber alimentos. Alteram drasticamente a absorção dos alimentos no intestino delgado, conhecidas como cirurgias de by-pass intestinal ou cirurgias de desvio intestinal. Por reduzirem o tempo do alimento no trânsito pelo intestino delgado, diminuem a capacidade de absorção do mesmo, com isso, acabam induzindo ao emagrecimento.
As cirurgias disabsortivas podem ser também puramente intestinais, ou seja, não alteram o tamanho do estômago (hoje em dia em desuso) ou também pode acrescentar uma parte metabólica, ao se realizar também uma parte gástrica ao procedimento intestinal, deixando de ser puramente disabsortiva. São cirurgias em que o paciente deve estar ciente da necessidade e da importância do controle dos micronutrientes (vitaminas).
Técnicas mistas: são consideradas as cirurgias de ouro, são cirurgias que apresentam elevados índices de satisfação, excelente controle das doenças associadas, excelente manutenção do peso perdido a longo prazo. São as cirurgias mais realizadas no Brasil e no mundo. Essa técnica causa uma restrição na capacidade de receber o alimento pelo estômago que se encontra pequeno e possui um desvio curto do intestino com discreta má absorção de alimentos. E conhecida como cirurgia de by-pass gástrico ou cirurgia de fobi-capella.
Técnicas cirúrgicas
By-Pass Gástrico (gastroplastia com desvio intestinal em “Y de Roux”): Estudado desde a década de 60, o by-pass gástrico é a técnica bariátrica mais praticada no Brasil, correspondendo a 75% das cirurgias realizadas, devido a sua segurança e, principalmente, sua eficácia. O paciente submetido à cirurgia perde de 70% a 80% do excesso de peso inicial. Nesse procedimento misto, é feito o grampeamento de parte do estômago, que reduz o espaço para o alimento, e um desvio do intestino inicial, que promove o aumento de hormônios que dão saciedade e diminuem a fome. Essa somatória entre menor ingestão de alimentos e aumento da saciedade é o que leva ao emagrecimento, além de controlar o diabetes e outras doenças, como a hipertensão arterial.
Uma curiosidade: a costura do intestino que foi desviado fica com formato parecido com a letra Y, daí a origem do nome Y de Roux ( é o sobrenome do cirurgião que criou a técnica).
Gastrectomia Vertical: Também conhecida como cirurgia de Sleeve ou gastrectomia em manga de camisa. Esse procedimento é considerado restritivo e metabólico e nele o estômago é transformado em um tubo, com capacidade de 80 a 100 mililitros (ml). Essa intervenção também provoca uma boa perda de peso, um pouco inferior se comparável à do by-pass gástrico e maior que a proporcionada pela banda gástrica ajustável. É um procedimento que já e feito há mais de 20 anos, tem boa eficácia sobre o controle da hipertensão e de doenças dos lipídeos (colesterol e triglicérides).
Duodenal Switch: É a associação entre gastrectomia vertical e desvio intestinal. Nessa cirurgia, 60% do estômago são retirados, porém a anatomia básica do órgão e sua fisiologia de esvaziamento são mantidas. O desvio intestinal reduz a absorção dos nutrientes, levando ao emagrecimento. Criada em 1978, a técnica corresponde a 5% dos procedimentos e leva à perda de 75% a 85% do excesso de peso inicial.
Cirurgia Laparoscópica
Técnica cirúrgica em que a cirurgia acontece por meio de pequenos orifícios, nos quais são introduzidas longas pinças cirúrgicas e o procedimento é monitorado. É considerada “minimamente invasiva”, aplicável em quase todas as técnicas cirúrgicas. A videolaparoscopia representa uma das maiores evoluções tecnológicas da medicina.
No tratamento da obesidade, as cirurgias do gênero se diferenciam da convencional, aberta (laparotomia), em função do acesso utilizado. Na cirurgia aberta, o médico precisa fazer um corte de 10 a 20 centímetros no abdômen do paciente. Na videolaparoscopia são feitas de quatro a seis mini incisões de 0,5 a 1,2 centímetros cada uma, por onde passam as cânulas e a câmera de vídeo.
A taxa de mortalidade média é de apenas 0,23% – abaixo do índice de 1% estabelecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) –, contra 0,8% a 1% da cirurgia aberta (laparotomia). Vale lembrar que, em algumas situações, raras, o cirurgião pode precisar converter a videolaparoscopia em cirurgia aberta.
Essa decisão é baseada em critérios de segurança e só pode ser tomada durante o ato operatório. As vantagens são inúmeras, menos dor no pós-operatório, menor índice de infecção, rápido retorno às atividades laborais, menor incidência de hérnias incisionais, além de ser esteticamente superior.