A nova moda agora é colocar piercing na úvula; entenda os riscos da prática
Infectologista alerta que colocar um piercing no fundo da garganta, na região popularmente conhecida como 'campainha', pode causar desde infecção grave até dificuldade para engolir
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O uso de brincos e piercings para adornar o corpo é comum. Mas a cada dia, surgem lugares mais inusitados para as perfurações. A bola da vez é a úvula, aquela região de mucosa localizada no fundo da garganta, mais conhecida como “campainha”.
A prática viralizou após a publicação de alguns vídeos que mostram como seria a perfuração do local. E embora essa região não seja a mais procurada para colocar um piercing, basta uma busca rápida nas redes sociais pelos termos “piercing” e “úvula” que é possível encontrar diversas pessoas com o adorno, o que preocupa especialistas.
O infectologista José Cerbino, do Richet Medicina & Diagnóstico, explica que a úvula tem uma função para a deglutição e fonação. Ou seja, para conseguirmos engolir e falar. Além disso, como toda a orofaringe, essa é uma área naturalmente colonizada por micro-organismos e, portanto, “qualquer manipulação, que dirá uma perfuração e inserção de um corpo estranho, tem um risco elevadíssimo de infecção”.
— Essa infecção pode levar a complicações graves, inclusive, com perda de tecido na região. Pode ser necessário um procedimento cirúrgico para resolver um abscesso, por exemplo. Além disso, a presença de um corpo estranho que pode pesar a úvula vai alterar a anatomia do palato, o que pode causar apneia do sono e dificuldades respiratórias, principalmente para dormir — alerta o médico, que também é pesquisador da Fiocruz e do Instituto D’Or de Pesquisa.
O piercing na úvula também altera o funcionamento da orofaringe e a sensação de um corpo estranho na garganta pode induzir ao vômito com mais frequência. Há ainda o risco do objeto se soltar e causar uma obstrução respiratória.
Outros riscos envolvem a realização do procedimento em si, já que a perfuração ocorre em uma região de difícil acesso; há possibilidade de vômito durante a perfuração, devido a um reflexo natural do corpo e a dificuldade para a higienização adequada devido à sua localização.
A sepsia, a limpeza daquilo, vai ser muito mais difícil do que na língua e no lábio, né?
— É fundamental fazer a higienização do piercing principalmente depois de comer e, no caso de um piercing na úvula, isso fica muito mais difícil porque o acesso é difícil. Então a chance de uma complicação infecciosa é muito alta e é extremamente contraindicado — ressalta Cerbino.