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Estadiamento do câncer de ovário e sua importância no tratamento

O estadiamento do câncer de ovário é um componente vital no manejo oncológico. Ele não apenas orienta as decisões terapêuticas, como também oferece uma visão clara sobre a evolução da doença, permitindo um tratamento mais individualizado e eficaz.

Entenda o estadiamento do câncer de ovário e sua importância no tratamento

O câncer de ovário é um dos tipos de câncer ginecológico mais graves, muitas vezes diagnosticado em estágios avançados, o que dificulta o tratamento e reduz as chances de cura. Para definir a abordagem terapêutica mais adequada e avaliar o prognóstico, utiliza-se o estadiamento — um processo que determina o grau de evolução do tumor e sua disseminação pelo organismo.

O que é o estadiamento do câncer de ovário?

O estadiamento é uma classificação médica que avalia a extensão do câncer de ovário, desde o tumor primário até a presença de células cancerígenas em outras partes do corpo. Ele é realizado por meio de uma combinação de exames clínicos, testes de imagem (como tomografia, ressonância magnética ou PET-CT) e análises laboratoriais, incluindo biópsias.

Esse processo é fundamental para determinar o tratamento mais eficaz, que pode variar entre cirurgia, quimioterapia , radioterapia, terapias-alvo ou imunoterapia, dependendo do estágio em que o câncer se encontra.

Quais os tipos de estadiamento do câncer?

O sistema de estadiamento mais amplamente utilizado para o câncer de ovário é o da Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia (FIGO), que divide a progressão da doença em quatro estágios principais:

1. Estágio I: o câncer está limitado aos ovários. No estágio inicial, o tumor ainda não se espalhou para fora dos ovários. É o momento em que as chances de cura são mais altas, especialmente com intervenções cirúrgicas e terapias adequadas.

2. Estágio II: o câncer começa a se espalhar para outros tecidos pélvicos. Nesta fase, o câncer começa a atingir estruturas próximas, como as trompas uterinas e o útero, mas permanece restrito à região pélvica. Embora represente uma progressão em relação ao estágio I, ainda é considerado relativamente localizado.

3. Estágio III: neste estágio, o câncer já se disseminou para o peritônio (membrana que reveste a cavidade abdominal) ou os gânglios linfáticos da região abdominal. Esse é o estágio mais comum no momento do diagnóstico. Por ser um estágio avançado, o tratamento geralmente combina quimioterapia seguida de uma cirurgia extensa.

4. Estágio IV: o câncer já atingiu órgãos distantes. No estágio mais avançado, o câncer gerou metástases para órgãos como fígado, pulmões ou outros locais fora da cavidade abdominal. Esse estágio exige abordagens mais complexas e possui um prognóstico mais reservado.

O que é estadiamento clínico?

Existem dois principais tipos de estadiamento usados na prática clínica, ambos baseados no sistema TNM:

1. Estadiamento Clínico (cTNM):

O estadiamento clínico é realizado antes do início do tratamento definitivo e baseia-se em exames físicos, testes de imagem e biópsias. Ele avalia:

  • T (Tumor): Tamanho e extensão do tumor primário, variando de T1 (tumor localizado) a T4 (tumor com invasão significativa).
  • N (Nódulos linfáticos): Presença ou ausência de metástase nos linfonodos regionais, classificados de N0 (ausente) a N3 (múltiplos linfonodos afetados).
  • M (Metástase): Identifica a existência de metástases à distância, com M0 indicando ausência e M1 presença de metástases.

2. Estadiamento Patológico (pTNM):

Esse tipo de estadiamento é realizado após a cirurgia para remoção do tumor, quando a peça cirúrgica é analisada em laboratório. Ele oferece informações mais precisas sobre a extensão da doença e pode ajustar o estadiamento clínico inicial, mas também segue a base do sistema TNM descrito acima. O prefixo “p” indica que se trata de uma análise patológica pós cirúrgica.

Como o estadiamento influencia no tratamento?

O estágio do câncer de ovário determina a abordagem terapêutica:

  • Estágios I e II: Geralmente, incluem cirurgia para remover o tumor (com ou sem remoção dos ovários, útero e linfonodos), seguida de quimioterapia para eliminar possíveis células residuais. As chances de cura são mais altas nesses estágios.
  • Estágios III e IV: Requerem tratamentos combinados mais agressivos, incluindo quimioterapia pré operatória para redução tumoral seguida de cirurgia citorredutora para remover o máximo possível do tumor, ou apenas quimioterapia e, em alguns casos, terapias-alvo ou imunoterapia.

A importância do diagnóstico precoce

Identificar o câncer de ovário em seus estágios iniciais aumenta significativamente as chances de cura e possibilita tratamentos menos invasivos. Entretanto, a doença é conhecida por ser silenciosa, com sintomas que geralmente só aparecem em estágios avançados.

Sintomas como inchaço abdominal, desconforto pélvico, alterações no hábito intestinal e perda de apetite devem ser investigados, especialmente em mulheres com histórico familiar de câncer de ovário ou mama. Recomenda-se acompanhamento médico regular para mulheres em grupos de risco, mesmo na ausência de sintomas.

Revisão médica:

Dra. Fernanda Frozoni Antonacio

Oncologista Clínica

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