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Câncer hormonal: o que é o câncer hormonal?

O câncer hormonal é uma condição complexa que requer um tratamento personalizado. A compreensão dos receptores hormonais presentes no tumor é fundamental para escolher a terapia mais adequada.

O câncer hormonal representa uma categoria de neoplasias malignas cuja progressão e desenvolvimento estão intrinsecamente ligados à ação de hormônios específicos. Essa dependência hormonal é particularmente observada em órgãos como a mama e a próstata, onde a sinalização hormonal desempenha um papel crucial tanto no desenvolvimento quanto na progressão da doença.

Este artigo visa elucidar a natureza do câncer hormonal, detalhar as abordagens terapêuticas empregadas e discutir as perspectivas de cura associadas a essa condição.

O que é câncer hormonal?

O câncer hormonal manifesta-se quando as células cancerígenas expressam receptores específicos para determinados hormônios, como o estrogênio e a progesterona no contexto do câncer de mama, ou a testosterona no câncer de próstata.

A ligação desses hormônios aos seus respectivos receptores nas células tumorais desencadeia vias de sinalização intracelular que estimulam a proliferação e o crescimento dessas células neoplásicas. Essa dependência hormonal pode tornar o tratamento mais complexo, exigindo estratégias terapêuticas que visem modular a atividade hormonal.

Quais são os tipos de câncer hormonal?

Os tipos mais prevalentes de câncer com um componente hormonal incluem:

Câncer de mama

Este é um dos tipos de câncer hormonal mais frequentes. Muitos tumores mamários expressam receptores de estrogênio (ER+) e/ou progesterona (PR+), indicando que esses hormônios atuam como potentes fatores de crescimento para as células cancerígenas.

Câncer de próstata

O desenvolvimento e a progressão do câncer de próstata são significativamente influenciados pela testosterona, um hormônio androgênico masculino. A testosterona pode estimular o crescimento das células cancerígenas prostáticas.

Câncer de endométrio (útero)

Muitos carcinomas endometriais são sensíveis ao estrogênio. A exposição prolongada ao estrogênio sem a oposição da progesterona pode aumentar o risco e estimular o crescimento desses tumores.

Câncer de ovário

Alguns tipos de câncer de ovário, particularmente os tumores de células da granulosa, podem produzir hormônios como o estrogênio e ser influenciados por eles. Além disso, outros tipos de câncer de ovário podem expressar receptores hormonais e, em alguns casos, serem tratados com terapias hormonais.

Câncer de tireoide

Embora a maioria dos cânceres de tireoide não seja diretamente causada por hormônios sexuais, o hormônio tireoidiano (TSH) desempenha um papel no crescimento das células tireoidianas, incluindo as cancerosas.

A terapia de supressão do TSH é frequentemente utilizada após o tratamento do câncer de tireoide diferenciado para reduzir o risco de recorrência.

Carcinoma positivo para receptores de estrogênio e progesterona

A avaliação da expressão de receptores de estrogênio (RE+) e progesterona (RP+) é fundamental na caracterização de alguns tumores, abrangendo mama, endométrio e ovário, devido a suas importantes implicações prognósticas e terapêuticas.

No câncer de mama, a detecção desses receptores indica que o crescimento tumoral é influenciado por esses hormônios. Essa informação permite o uso de terapias hormonais, como antagonistas (tamoxifeno, fulvestranto) ou inibidores da produção hormonal (inibidores de aromatase), que visam bloquear o estímulo ao crescimento e reduzir o risco de recorrência da doença.

De maneira semelhante, no câncer de endométrio, a presença de receptores de estrogênio e, frequentemente, progesterona, direciona a abordagem terapêutica. Muitos tumores endometriais respondem a terapias hormonais, como progestágenos, que podem controlar o crescimento das células cancerígenas. A análise desses receptores também auxilia na avaliação do prognóstico e da resposta ao tratamento.

No câncer de ovário, a expressão hormonal é mais complexa e varia entre os tipos histológicos. Em carcinomas epiteliais serosos de alto grau, os receptores são frequentemente expressos, mas a resposta à hormonioterapia tradicional é menos eficaz que no câncer de mama. A pesquisa busca explorar o papel desses receptores. Já nos tumores de células da granulosa, que podem produzir estrogênio, a terapia hormonal como o tamoxifeno pode ser utilizada.

Carcinoma sensíveis à testosterona

No câncer de próstata, a hormonioterapia visa reduzir os níveis de testosterona, hormônio que estimula o crescimento das células cancerígenas.

Isso pode ser feito através de medicamentos que bloqueiam a produção de testosterona nos testículos (agonistas e antagonistas do LHRH) ou que impedem a testosterona de se ligar às células tumorais (antiandrogênicos).

Em alguns casos, a remoção cirúrgica dos testículos (orquiectomia) também é utilizada. A hormonioterapia é frequentemente usada em câncer de próstata avançado ou em combinação com radioterapia.

Tratamento do câncer hormonal

O tratamento do câncer hormonal centra-se na hormonioterapia, uma modalidade terapêutica que visa interromper ou reduzir a influência dos hormônios no crescimento tumoral.

Essa intervenção pode ser alcançada através da administração de medicamentos que inibem a síntese de hormônios (como os inibidores de aromatase no câncer de mama ou os análogos do LHRH no câncer de próstata) ou que bloqueiam a ligação dos hormônios aos seus receptores nas células cancerígenas (como o tamoxifeno e o fulvestranto no câncer de mama, ou os antiandrogênicos no câncer de próstata).

Possibilidade de cura

A probabilidade de cura no câncer hormonal é multifatorial, dependendo crucialmente do tipo específico de câncer, do estágio em que a doença é diagnosticada e da resposta individual do paciente ao tratamento instituído.

Em muitos casos, particularmente quando o diagnóstico é realizado em fases iniciais da doença, a hormonioterapia demonstra alta eficácia no controle do crescimento tumoral, elevando significativamente as chances de cura ou de obtenção de remissão prolongada da doença.

Revisão médica:

Dra. Fernanda Frozoni Antonacio

Oncologista Clínica

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