A fosfoetanolamina é uma substância química que gerou grande debate no Brasil, especialmente por ter sido divulgada como uma possível “cura” para o câncer. No entanto, é essencial compreender para que serve essa substância, se seu uso é eficaz e autorizado no país e quais os riscos associados ao seu consumo.
O que é fosfoetanolamina?
A fosfoetanolamina é uma substância sintética que simula uma molécula naturalmente presente no organismo humano, envolvida em processos celulares como a sinalização e a formação de membranas.
Ela ficou conhecida por ser promovida como uma alternativa terapêutica contra o câncer, sob a alegação de que ajudaria o sistema imunológico a identificar e combater células tumorais.
No entanto, até o momento, não há evidências científicas robustas que comprovem sua eficácia ou segurança no tratamento do câncer. Estudos clínicos realizados não demonstraram benefícios consistentes que justifiquem sua liberação como medicamento.
Para que serve a fosfoetanolamina?
Apesar de ter sido popularmente chamada de “pílula do câncer”, a fosfoetanolamina não possui comprovação científica suficiente para ser considerada eficaz no tratamento da doença. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e outras entidades regulatórias reforçam que, sem estudos clínicos conclusivos e aprovação formal, a substância não pode ser comercializada como medicamento ou suplemento alimentar no Brasil. A falta de dados sobre sua composição, mecanismos de ação, dosagem segura e efeitos colaterais impossibilita qualquer recomendação terapêutica confiável.
Um estudo clínico realizado no Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP) testou a fosfoetanolamina em 72 pacientes com câncer. No entanto, o estudo teve que ser suspenso devido à falta de eficácia da substância no tratamento. Apenas um paciente apresentou resposta parcial ao tratamento, enquanto os demais não mostraram benefícios clínicos significativos.
Além disso, o quadro clínico dos pacientes tratados com a fosfoetanolamina piorou, o que levou à interrupção da inclusão de novos participantes e à reavaliação do protocolo do estudo. Esses resultados destacam a importância da cautela ao considerar terapias não comprovadas cientificamente, especialmente quando se trata de doenças graves como o câncer.
Uso autorizado no Brasil
A Anvisa não autoriza o uso da fosfoetanolamina como medicamento. Em 2016, a Lei nº 13.269 permitiu temporariamente sua produção e distribuição, mesmo sem o registro sanitário obrigatório. No entanto, essa medida foi considerada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em 2020.
O STF entendeu que a liberação de substâncias sem comprovação científica contraria os princípios da segurança sanitária e da proteção à saúde pública. A decisão reafirmou a importância da realização de estudos clínicos rigorosos antes da aprovação de qualquer substância para uso terapêutico.
Efeitos colaterais e riscos
Como a fosfoetanolamina não passou por testes clínicos adequados, não há dados confiáveis sobre seus possíveis efeitos adversos. Isso representa um grande risco para os pacientes, especialmente quando seu uso ocorre de forma paralela ou substitutiva aos tratamentos convencionais.
Além disso, a utilização de substâncias não registradas pode expor os indivíduos a produtos contaminados ou mal formulados, agravando o quadro clínico ou atrasando intervenções eficazes.
Há pessoas curadas com a fosfoetanolamina?
Não existem evidências científicas confiáveis que comprovem a cura do câncer em pacientes que utilizaram exclusivamente fosfoetanolamina. Relatos isolados não constituem prova científica e devem ser analisados com cautela. A comunidade médica e científica reforça que qualquer alegação de eficácia terapêutica precisa ser respaldada por estudos controlados, revisados por pares e replicáveis. Sem isso, não é possível assegurar qualquer benefício real da substância.
Por não estar registrada como medicamento, não há bula oficial nem orientações seguras sobre o uso da fosfoetanolamina. Portanto, qualquer consumo dessa substância deve ser evitado até que haja aprovação formal baseada em evidências científicas confiáveis.
A fosfoetanolamina não é uma substância aprovada para o tratamento do câncer no Brasil. Diante disso, é fundamental que os pacientes busquem orientação com profissionais de saúde qualificados e sigam os protocolos médicos baseados em evidências. Abandonar terapias convencionais para adotar tratamentos não comprovados pode comprometer gravemente as chances de cura e qualidade de vida.