As plaquetas, também conhecidas como trombócitos, são componentes essenciais do sangue, responsáveis por ajudar na coagulação e impedir sangramentos excessivos. No entanto, quando sua quantidade está acima do normal, o sinal de alerta se acende. Essa condição, chamada trombocitose ou plaquetose, pode estar ligada a diferentes causas — desde processos inflamatórios até doenças mais sérias, como o câncer.
Neste artigo, você vai entender o que significa ter plaquetas altas, quais são as principais causas, possíveis sintomas e as implicações clínicas, especialmente em relação ao câncer.
O que são plaquetas?
Fala-se em plaquetas altas quando a contagem ultrapassa 450.000 a 500.000 por microlitro (µL) de sangue. Essa alteração pode ser primária ou secundária.
- Primária (clonal): quando decorre de doenças que afetam diretamente a medula óssea, como a trombocitemia essencial, um tipo de neoplasia mieloproliferativa.
- Secundária (reativa): quando ocorre como resposta a outra condição, como infecções, inflamações, anemias ou uso de medicamentos.
Causas de plaquetas altas
A plaquetose pode ter diversas origens. Veja algumas das mais frequentes:
1. Doenças inflamatórias
Enfermidades como artrite reumatóide ou doença de Crohn ativam o sistema imunológico e aumentam a produção de citocinas inflamatórias, como a IL-6, que estimulam a medula óssea a produzir mais plaquetas.
2. Infecções
Tanto infecções agudas quanto crônicas — especialmente as bacterianas — podem levar ao aumento transitório da contagem de plaquetas.
3. Anemia ferropriva
A deficiência de ferro, especialmente quando prolongada, pode causar aumento compensatório das plaquetas. É comum ver esse achado em hemogramas de pessoas com anemia crônica.
4. Câncer
Certos tumores, como os de pulmão, ovário e trato gastrointestinal, além de leucemias, podem estar associados ao aumento das plaquetas. Isso ocorre por estímulos tumorais indiretos à medula óssea ou por alterações hematológicas diretas.
5. Medicamentos
Drogas como corticosteróides e certos antibióticos podem alterar temporariamente a contagem de plaquetas.
Qual a relação com o câncer?
O aumento das plaquetas pode ser tanto consequência quanto marcador de gravidade em alguns tipos de câncer:
- nas leucemias mieloproliferativas, como a leucemia mieloide crônica ou a trombocitemia essencial, há produção descontrolada de células sanguíneas pela medula óssea;
- em tumores sólidos, o próprio tumor pode liberar substâncias que estimulam a produção de plaquetas. Além disso, estudos mostram que plaquetas elevadas podem favorecer a formação de metástases e a progressão tumoral, atuando na proteção das células cancerígenas contra o sistema imune e facilitando sua disseminação.
Por isso, uma plaquetose persistente e sem causa aparente deve sempre ser investigada com cautela.
Sintomas e diagnóstico
Na maioria dos casos, a plaquetose é assintomática e descoberta em exames de rotina. No entanto, quando os níveis estão muito elevados, podem surgir sinais como:
- cefaleia;
- tontura;
- distúrbios visuais;
- dormência em extremidades;
- trombose (formação anormal de coágulos);
- sangramentos, em casos raros e extremos.
Como é feito o diagnóstico?
O principal exame para identificar a plaquetose é o hemograma completo. Em casos suspeitos de alteração primária, outros exames complementares podem ser solicitados:
- dosagem de ferritina e proteína C reativa;
- biópsia de medula óssea;
- teste para mutações em JAK2, CALR ou MPL, comuns nas síndromes mieloproliferativas.
Tratamento: como controlar as plaquetas altas?
O tratamento depende da causa identificada:
- se for secundária a infecções ou inflamações, trata-se o fator de base;
- se estiver relacionada a anemia ferropriva, a reposição de ferro pode normalizar os níveis;
- em doenças mieloproliferativas, como a trombocitemia essencial, podem ser usados medicamentos que reduzem a produção de plaquetas, como hidroxiureia ou anagrelida, além de aspirina em baixa dose para prevenção de eventos trombóticos.
A avaliação e o acompanhamento com hematologista são fundamentais nesses casos.