Choque cardiogênico: o que é, causas, sintomas e tratamento
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O choque cardiogênico é uma condição grave e emergencial, na qual o coração perde a capacidade de bombear sangue de forma eficiente para o corpo. Como consequência, órgãos vitais, como cérebro, rins, fígado e pulmões, deixam de receber oxigênio e nutrientes suficientes, colocando a vida do paciente em risco.
Embora seja uma complicação rara, dados de um estudo publicado no National Library of Medicine destacam que o choque cardiogênico é a principal causa de morte em pacientes que sofreram um infarto agudo do miocárdio.
Apesar dos avanços da medicina, o choque cardiogênico ainda está associado a altas taxas de mortalidade no curto prazo, que variam entre 30% e 50%, de acordo com um posicionamento científico da American Heart Association.
Neste texto vamos esclarecer o que é choque cardiogênico, suas principais causas, sintomas e formas de tratamento. Continue lendo e saiba mais.
O que é choque cardiogênico?
O choque cardiogênico é considerado o estágio mais grave da insuficiência cardíaca aguda. Ele ocorre quando o coração, especialmente o ventrículo esquerdo, não consegue bombear sangue de maneira suficiente para atender às demandas do organismo. Isso gera uma queda acentuada na pressão arterial e uma falência circulatória, prejudicando o funcionamento dos órgãos.
Coordenador da UTI Cardiológica do Hospital Vila Nova Star e da Cardiologia do Hospital São Luiz – Unidade Itaim – SP, Dr. Rafael Franco explica que o choque cardiogênico é uma condição clínica grave caracterizada pela chegada inadequada de sangue e oxigênio aos tecidos corporais em virtude de um mau funcionamento do coração, da bomba cardíaca.
“Com o coração bombeando de forma ineficiente, o fluxo de sangue e, consequentemente, de oxigênio para os órgãos vitais diminui drasticamente. O corpo tenta compensar com aumento da frequência cardíaca e vasoconstrição, muitas vezes não sendo suficiente. O resultado é uma queda de pressão, acúmulo de líquidos (especialmente nos pulmões), confusão mental, fraqueza e, se não tratado adequada e rapidamente, falência múltipla de órgãos e até a morte”, explica Dr. Franco sobre o que acontece no corpo de uma pessoa quando ela entra em choque cardiogênico.
Causas do choque cardiogênico
A causa mais comum de choque cardiogênico é o infarto agudo do miocárdio extenso, especialmente quando compromete o ventrículo esquerdo. Além do infarto agudo do miocárdio, outras causas do choque cardiogênico incluem:
- Miocardites;
- Arritmias graves;
- Disfunção de válvulas cardíacas;
- Insuficiência cardíaca crônica;
- Complicações mecânicas pós-infarto, como ruptura do septo cardíaco ou de um músculo papilar (que dá sustentação à valva mitral).
“Fatores como a extensão do infarto, o tempo até o início do tratamento (por exemplo, tempo até a abertura do vaso coronariano obstruído durante o infarto do miocárdio), a idade do paciente, doenças associadas (como diabetes ou insuficiência renal) e a resposta ao tratamento inicial são determinantes importantes para o prognóstico”, destaca o médico.
Sintomas do choque cardiogênico
O choque cardiogênico é uma emergência médica. O reconhecimento rápido dos sinais pode salvar vidas. Os principais sintomas de choque cardiogênico são:
- Queda súbita da pressão arterial;
- Dificuldade para respirar;
- Fraqueza extrema;
- Palidez;
- Suor frio;
- Batimentos cardíacos acelerados;
- Redução da quantidade de urina;
- Confusão mental.
De acordo com o Dr. Rafael Franco, em casos avançados de choque cardiogênico, pode haver perda de consciência, insuficiência renal, arritmias cardíacas e até a morte. “A perda de consciência pode ocorrer em caso de a pressão arterial cair de forma intensa e prolongada, além de não haver intervenção adequada e a tempo”, complementa.
Também são sinais de alerta para o choque cardiogênico:
- Síncope;
- Tontura;
- Sudorese fria;
- Dor torácica associada a queda de pressão e dificuldade para respirar.
“Esses sintomas exigem atendimento médico imediato, especialmente se o indivíduo for portador de fatores de risco cardiovasculares”, ressalta Dr. Rafael Franco.
Diagnóstico do choque cardiogênico
O diagnóstico é baseado na avaliação clínica e confirmado por exames que avaliam o funcionamento do coração e do sistema circulatório. O diagnóstico é realizado com base em sinais clínicos de baixa perfusão que avaliam:
- Sonolência/confusão mental;
- Extremidades frias;
- Baixo ritmo de diurese;
- Queda de pressão arterial.
Exames complementares para diagnóstico do choque cardiogênico incluem:
- Exames laboratoriais: evidenciando alterações em órgãos nobres como rins e fígado;
- Exames de imagem como ecocardiograma: ferramenta fundamental para avaliação da função cardíaca.
“Adicionalmente, pode-se lançar mão de ferramentas de monitorização hemodinâmica, capazes de trazer informações sobre o funcionamento cardíaco. Estas últimas, além de trazer informações sobre o funcionamento cardíaco, podem servir para guiar o tratamento e otimização dos parâmetros cardíacos”, descreve Dr. Franco.
Tratamento para choque cardiogênico
O choque cardiogênico exige tratamento imediato, que é sempre feito em ambiente de UTI e envolve estabilização com medicamentos que aumentam a força de contração do coração (inotrópicos) e vasopressores para elevar a pressão arterial.
“Em casos mais graves, pode ser necessário suporte ventilatório (ventilação mecânica), além do uso de dispositivos mecânicos como o balão intraaórtico.
Em casos refratários, são necessários os dispositivos de assistência ventricular, que pode incluir, entre outros, a oxigenação por membrana extracorpórea (ECMO)”, aponta Dr. Franco.
Segundo o cardiologista, as chances de recuperação dependem da causa, da rapidez do diagnóstico e do início do tratamento. “Com intervenção precoce e suporte intensivo adequado, muitos pacientes conseguem se recuperar. No entanto, a mortalidade ainda é alta, especialmente nos casos mais graves, podendo atingir 50% de mortalidade na maior parte das casuísticas atuais”, apresenta Dr. Franco.
Após tratamento adequado e reabilitação, muitos pacientes conseguem retomar uma rotina com qualidade de vida. “O acompanhamento multidisciplinar e a adesão ao tratamento são fundamentais para isso. Adicionalmente, serviços de reabilitação cardiovascular, que incluem atividades de fisioterapia, exercícios guiados e cuidado multidisciplinar, têm um impacto imenso na recuperação precoce e retomada das atividades de vida com qualidade”, orienta.
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É possível prevenir o choque cardiogênico?
A melhor forma de prevenção do choque cardiogênico é o cuidado com a saúde do coração. O diagnóstico e tratamento precoce de infartos e arritmias também são fundamentais para reduzir o risco de evoluir para choque cardiogênico.
“A prevenção passa pelo controle rigoroso dos fatores de risco cardiovascular, como hipertensão, diabetes, colesterol alto e tabagismo. O acompanhamento médico regular e a adesão ao tratamento de doenças cardíacas também são essenciais para evitar complicações graves como o choque cardiogênico.
Sem dúvidas a prevenção é o maior elemento para evitar a gravidade de um evento de choque cardiogênico”, conclui Dr. Rafael Franco.
Sentiu dor no peito, falta de ar intensa ou tontura?
Não ignore os sinais. Agende uma consulta com um cardiologista D’Or e cuide da sua saúde cardíaca. Quanto antes, maiores são as chances de recuperação.