Hipertensão em jovens: causas, fatores de risco e tratamentos
A hipertensão em jovens pode ter diferentes origens, incluindo predisposição genética e condições subjacentes.
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A hipertensão arterial, conhecida popularmente como pressão alta, é um problema de saúde frequentemente associado a pessoas mais velhas. No entanto, a condição vem crescendo entre os jovens adultos e até adolescentes, tornando-se uma preocupação global.
Dados da Sociedade Brasileira de Hipertensão apontam que aproximadamente 25% da população adulta brasileira seja hipertensa, cerca de 5% dos casos ocorrem em crianças e adolescentes.
No Dia Nacional de Prevenção e Combate à Hipertensão Arterial, celebrado no dia 26 de abril, reforçamos a importância da conscientização sobre os riscos da hipertensão em jovens, suas causas e as melhores formas de prevenção e tratamento.
O que é hipertensão arterial?
A hipertensão ocorre quando a pressão do sangue contra as paredes das artérias é persistentemente elevada, aumentando o risco de problemas cardiovasculares como infarto e AVC. A pressão arterial é considerada alta quando igual ou superior a 140/90 mmHg (14 por 9) em diversas aferições.
A Sociedade Europeia de Cardiologia (ESC) atualizou recentemente suas diretrizes, recomendando um alvo ideal de pressão arterial de 12 por 7 (120/70 mmHg).
Embora a pressão de 12 por 8 (120/80 mmHg) ainda seja considerada normal, ela está no limite superior da faixa recomendada. Ainda que não seja classificada como hipertensão, requer atenção, especialmente em pessoas com fatores de risco, como obesidade, sedentarismo, histórico familiar de doenças cardiovasculares ou colesterol elevado.
Diante dessas novas diretrizes, medir a pressão regularmente e adotar hábitos saudáveis desde cedo é fundamental para prevenir problemas futuros.
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Diferença da hipertensão em jovens e em adultos
A hipertensão pode se manifestar de formas diferentes em jovens e adultos mais velhos, tanto em suas causas quanto em seus impactos na saúde. Dra. Luma Prucoli, Coordenadora da Cardiologia do Hospital Macaé D’Or, explica que a hipertensão em jovens pode apresentar algumas diferenças em comparação com a hipertensão em adultos mais velhos.
“Em jovens, a hipertensão pode ser mais frequentemente causada por fatores genéticos, condições subjacentes (como doenças renais ou endócrinas) e obesidade. Já em adultos mais velhos, a hipertensão é frequentemente associada ao envelhecimento dos vasos sanguíneos e ao acúmulo de placas de gordura nas artérias“, relata.
Embora seja mais comum em pessoas acima dos 50 anos, o número de casos de hipertensão entre jovens tem aumentado. Muitos sequer sabem que têm a condição, já que a hipertensão pode ser silenciosa, sem sintomas evidentes.
Causas da hipertensão em jovens
A hipertensão em jovens pode ter diferentes origens – sendo dividida em hipertensão primária e hipertensão secundária – incluindo predisposição genética e condições subjacentes. “De acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia, a hipertensão primária resulta de uma interação complexa entre fatores genéticos e ambientais. Estudos indicam que a pressão arterial é influenciada por múltiplos genes, e pesquisas com gêmeos mostram uma maior concordância nos níveis pressóricos, sugerindo uma contribuição genética significativa”, aponta Dra. Luma.
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Além da genética, problemas de saúde preexistentes podem levar à hipertensão secundária em jovens. “Embora menos comum, representando cerca de 5% a 10% dos casos, essa forma de hipertensão é frequentemente associada a causas potencialmente reversíveis. As etiologias variam conforme a idade; em crianças, por exemplo, doenças renais e coarctação da aorta são causas comuns”, explica a cardiologista.
A especialista destaca que fatores ambientais e de estilo de vida também desempenham um papel importante no desenvolvimento da hipertensão em jovens. “A hipertensão em jovens é geralmente resultado de uma combinação de fatores genéticos, condições subjacentes e hábitos de vida, reforçando a importância de uma abordagem abrangente na prevenção e tratamento da doença”, complementa Dra. Luma.
Fatores de risco para hipertensão em jovens
Diversos fatores de risco contribuem para a hipertensão em jovens, sendo muitos deles associados ao estilo de vida, fatores psicossociais e condições médicas preexistentes. Confira abaixo os principais fatores de risco.
- Histórico familiar: se pais ou avós têm pressão alta, o risco é maior.
- Alimentação inadequada: xonsumo excessivo de sal, fast food e ultraprocessados.
- Sedentarismo: falta de atividade física favorece o aumento da pressão. “O sedentarismo e alimentação ruim também agravam o quadro, pois favorecem o ganho de peso e o acúmulo de gordura nas artérias”, descreve.
- Obesidade: “Jovens com excesso de peso ou obesidade têm um risco maior de desenvolver hipertensão. O excesso de gordura no corpo sobrecarrega o coração, dificulta a circulação do sangue e pode causar inflamações nos vasos sanguíneos, aumentando a pressão arterial. Além disso, a obesidade está associada à resistência à insulina, alterações hormonais e maior retenção de sódio e líquidos, fatores que também contribuem para a pressão alta”, ressalta Dra. Luma.
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- Estresse e ansiedade: emoções intensas podem elevar a pressão arterial.
- Uso excessivo de álcool e cigarro: ambos contribuem para o endurecimento das artérias.
“O álcool em excesso pode levar ao aumento da pressão arterial, além de contribuir para ganho de peso e outros problemas cardiovasculares. O tabagismo prejudica os vasos sanguíneos, tornando-os mais rígidos e dificultando a circulação do sangue, o que pode elevar a pressão”, enfatiza Dra. Luma.
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- Doenças e condições médicas: problemas renais, hormonais e uso de certos medicamentos podem causar hipertensão.
“O sedentarismo, estresse, ansiedade, dieta rica em sódio e obesidade são elementos que podem contribuir para o aumento da pressão arterial. A interação entre esses fatores ambientais e a predisposição genética pode acelerar o aparecimento da hipertensão em indivíduos jovens”, complementa Dra. Luma.
Sintomas da hipertensão em jovens
Na maioria dos casos, a hipertensão em jovens não causa sintomas visíveis, sendo silenciosa e perigosa. Muitos só descobrem a pressão alta em exames de rotina.
Porém, de acordo com a Dra. Luma Prucoli, em alguns casos, os sintomas de hipertensão em jovens podem surgir como:
- dor de cabeça frequente e intensa;
- tontura ou visão embaçada;
- palpitações ou sensação de coração acelerado;
- cansaço excessivo sem motivo aparente;
- dor no peito;
- sangramento nasal frequente.
“Se esses sintomas aparecerem, é essencial procurar um médico para avaliar a pressão arterial e evitar complicações mais graves, como problemas no coração, rins e cérebro”, alerta.
Diagnóstico de hipertensão em jovens
O diagnóstico de hipertensão em jovens é feito principalmente pela medição da pressão arterial em diferentes momentos. Se a pressão estiver elevada em várias ocasiões, o médico pode solicitar exames para investigar a causa e avaliar possíveis danos.
A medição da pressão arterial pode ser realizada com aparelho convencional ou através do monitoramento ambulatorial (MAPA 24h).
“Se a hipertensão for confirmada, o médico indicará o melhor tratamento, que pode incluir mudanças no estilo de vida e, em alguns casos, medicamentos”, afirma Dra. Luma.
Tratamento da hipertensão em jovens
O tratamento da hipertensão em jovens varia de acordo com a gravidade do quadro e as causas subjacentes. “De acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia, o tratamento da hipertensão em jovens foca em mudanças no estilo de vida e terapia medicamentosa”, explica.
Mudanças no estilo de vida
“Adotar uma dieta equilibrada, reduzir o consumo de sal, praticar exercícios físicos regularmente, controlar o peso, evitar o consumo excessivo de álcool e cessar o tabagismo”, aconselha a médica.
Terapia medicamentosa
“Quando as mudanças no estilo de vida não são suficientes para controlar a pressão arterial, o uso de medicamentos pode ser necessário”, ressalta Luma.
O acompanhamento inclui monitoramento regular da pressão arterial e adesão às orientações médicas para prevenir complicações cardiovasculares. “A hipertensão em jovens pode ser evitada com a adoção de hábitos saudáveis desde a infância ou adolescência”, ressalta Dra. Luma
Algumas medidas de prevenção são:
Alimentação balanceada: “reduzir o consumo de sal, alimentos ultraprocessados e aumentar a ingestão de frutas, legumes e grãos integrais”, aconselha.
Atividade física regular: “praticar esportes ou atividades físicas ao menos 3 vezes por semana”, orienta.
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Controle do peso: “manter um peso saudável para evitar sobrecarga no coração e vasos sanguíneos”, alerta.
Evitar o tabagismo e o álcool: “o uso dessas substâncias aumenta significativamente o risco de hipertensão”, destaca.
Redução do estresse: “técnicas de relaxamento, como meditação e respiração profunda, ajudam a controlar a pressão arterial”, diz.
Acompanhamento médico regular: “realizar check-ups periódicos para monitorar a pressão arterial desde a adolescência”, sugere Dra. Luma.
A longo prazo, a hipertensão em jovens pode causar danos silenciosos, aumentando o risco de problemas graves. De acordo com a Dra. Luma Prucoli, sem tratamento, a pressão alta pode levar a:
- Doenças cardiovasculares: maior risco de infarto e insuficiência cardíaca precoce.
- Acidente vascular cerebral (AVC): o endurecimento das artérias pode aumentar as chances de um derrame.
- Doenças renais: a hipertensão pode prejudicar os rins e levar à insuficiência renal.
- Complicações oculares: pode causar danos aos vasos sanguíneos dos olhos, afetando a visão.
- Declínio cognitivo: a longo prazo, pode afetar a memória e aumentar o risco de demência.
Medir a pressão regularmente, especialmente se houver histórico familiar de hipertensão, é fundamental para evitar complicações futuras. Se você é jovem e está preocupado com a pressão arterial ou possui fatores de risco, não espere até que os problemas apareçam.
A prevenção é a chave para manter sua saúde cardiovascular em dia. Agende uma consulta com um especialista D’Or e faça o monitoramento adequado da sua pressão arterial.