A ciência já sabe que o N₂O é cerca de 300 vezes mais potente que o dióxido de carbono (CO₂) no efeito estufa, mas ele continua sendo usado indiscriminadamente por médicos, dentistas e, sobretudo, na agricultura (fertilizantes sintéticos).
Em maio do ano passado, a Rede D’Or iniciou projeto-piloto em dois hospitais — São Luiz Itaim e São Luiz Anália Franco, ambos em São Paulo — para reduzir o uso do N₂O. Em outubro, com aval do CEO Paulo Moll, começou a expandir a iniciativa para o restante da rede, com 79 unidades.
— O anestesista sempre usou o N₂O para fazer indução inalatória. Mas era muito mais uma questão de hábito, pois já se sabia que o gás era dispensável — disse o coordenador do projeto, Leopoldo Muniz, gerente médico de Qualidade Corporativa da Rede D’Or e ele próprio anestesista.
Segundo a companhia, a redução até agora foi de 80% no volume de gás usado, evitando emissões equivalentes à pegada de carbono de 31 milhões de quilômetros rodados em um carro à combustão — ou quase 800 voltas ao redor da Terra. De quebra, a empresa economizou R$ 3,5 milhões.
— O percentual vai aumentar, porque só usaremos o N₂O em cirurgias de crianças com acesso venoso difícil, uma exceção — disse Helidea Lima, diretora de Qualidade Corporativa.