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Portocath: quais complicações podem ocorrer com o uso do port-a-cath?

O Port-a-Cath é um dispositivo para pacientes em tratamento de quimioterapia, mas requer cuidados adequados para prevenir complicações.

O Port-a-Cath, também conhecido como cateter venoso central totalmente implantável (CVC-TI), é um dispositivo médico utilizado em pacientes que necessitam de tratamento intravenoso prolongado, como quimioterapia, antibióticos de longo prazo ou nutrição parenteral.

Embora represente uma alternativa segura e eficaz ao acesso venoso periférico frequente, o uso do Port-a-Cath pode estar associado a complicações que exigem atenção e cuidados específicos para prevenção e manejo adequado.

O que é Port-a-Cath e para que serve?

O Port-a-Cath é um sistema de acesso venoso central composto por um reservatório (ou “port”) conectado a um cateter, que é inserido em uma veia de grande calibre, geralmente a veia subclávia ou jugular interna. O reservatório é implantado sob a pele, geralmente na região torácica, e pode ser acessado por punção com agulha específica (agulha de Huber).

É indicado em pacientes que necessitam de administração repetida de medicamentos intravenosos, transfusões, coleta frequente de sangue ou outros tratamentos intravenosos contínuos. Sua principal vantagem é a redução do número de punções periféricas, proporcionando mais conforto e menor risco de flebites.

Complicações associadas ao uso do Port-a-Cath

Apesar de seu amplo uso e benefícios clínicos, o Port-a-Cath pode apresentar algumas complicações, especialmente quando não há manejo adequado. As mais frequentes incluem:

Infecções

As infecções associadas ao cateter podem ser locais (na área de inserção do port) ou sistêmicas (relacionadas à corrente sanguínea). São consideradas as complicações mais comuns e potencialmente graves, podendo evoluir para sepse. O risco é maior em pacientes imunossuprimidos, como os em tratamento quimioterápico. O diagnóstico precoce e a intervenção rápida são fundamentais.

Obstrução

A obstrução do cateter pode ocorrer devido à formação de trombos, precipitação de medicamentos ou refluxo sanguíneo inadequado. Isso pode comprometer o uso do dispositivo e requerer a aplicação de agentes trombolíticos ou mesmo sua substituição.

Trombose venosa

A presença de um corpo estranho no lúmen venoso central pode induzir a formação de trombos, especialmente em pacientes com fatores de risco para estados de hipercoagulabilidade. A trombose pode causar dor, edema do membro superior e risco de embolia.

Deslocamento do cateter

O cateter pode se deslocar de sua posição original devido a manipulações inadequadas, esforço físico excessivo ou falha técnica na inserção. O mau posicionamento pode comprometer a eficácia do tratamento e exigir reposicionamento guiado por imagem.

Cuidados e manutenção

Para prevenir complicações, são essenciais os seguintes cuidados:

Punção correta

A punção deve ser realizada por profissionais capacitados, preferencialmente enfermeiros especializados em terapia intravenosa, utilizando técnica asséptica rigorosa. Isso reduz o risco de infecção e dano ao reservatório.

Manutenção regular

É recomendada a lavagem do cateter com solução salina antes e após o uso, além da heparinização periódica para prevenir obstruções. Protocolos de manutenção devem ser seguidos rigorosamente conforme diretrizes institucionais.

Curativo

Após a punção, deve-se aplicar curativo estéril sobre o local, que deve ser trocado regularmente e sempre que houver sinais de sujidade ou umidade. O cuidado com o curativo reduz o risco de infecção local.

Conforto e inconvenientes

Embora o Port-a-Cath seja, em geral, bem tolerado, alguns pacientes podem relatar desconforto ou dor durante a punção, especialmente em fases iniciais após o implante. A utilização de anestésicos locais pode ser considerada para maior conforto. O reservatório subcutâneo pode gerar desconforto ocasional, principalmente em pacientes com baixo índice de massa corporal.

Comparação com outros cateteres

Além do Port-a-Cath, há outros cateteres venosos centrais usados conforme a necessidade clínica.

O Permcath é externo, usado em hemodiálise ou quimioterapia de curta duração. Por ser visível, exige curativos frequentes e tem maior risco de infecção.

Já o PICC é inserido por veia periférica, com a ponta em veia central. É indicado para uso de médio prazo e tem implantação menos invasiva. Requer cuidados externos e pode limitar movimentos do braço.

Ambos apresentam riscos como infecção e trombose, a depender do manejo. A escolha do cateter depende da duração do tratamento e do perfil clínico do paciente.

Revisão médica:

Dra. Fernanda Frozoni Antonacio

Oncologista Clínica

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